quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Exercícios de Sociologia

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Colégio Estadual Presidente Costa e Silva
SOCIOLOGIA – III UNIDADE – Série: 3ª – Professora: _______________________________
TEXTO PARA ESTUDO: Para entender-nos mais. Para nos respeitarmos.


     É certo que não basta conhecer uma língua, conhecer um código lingüístico para poder comunicar-se com os falantes de outra língua. Temos que aprender línguas estrangeiras, sim, mas também temos que conhecer suas culturas. Caso contrário, podemos ter problemas frequentes de comunicação e, inclusive, nos encontrarmos em situações desagradáveis. Porque a palavra “cultura” não se refere somente à arte, à literatura, à pintura, à música de um país. Cultura é também o modo de vida dos membros de uma sociedade; inclui a maneira de vestir, os costumes, a vida familiar, os modelos de trabalho, as cerimônias religiosas, os passatempos e as festas, a hierarquia de valores, o que admiram e o que abominam etc. Geralmente, estamos acostumados a julgar o mundo a partir do nosso ponto de vista, a partir da nossa visão cultural e isso nos impede muitas vezes de nos comunicarmos de verdade com os membros de outras culturas.
     Desde pequenos, em nossa família e em nossa escola, nos foram introduzindo em um mundo de costumes que dá sentido à nossa vida. Sabemos o que se pode tocar ou não, que odores são apreciáveis e quais não o são. Mas cada sociedade tem seu próprio código, que não tem porque coincidir com o nosso: o branco é a cor do luto no Oriente; não se saúdam da mesma maneira os árabes e os húngaros, ou os russos, ou os espanhóis, ou os brasileiros. Há beijos entre homens, dois, três, nos lábios, no rosto. Há culturas nas quais não existe o beijo, nem sequer a palavra aparece em seu vocabulário (Gana). Mas essas diferenças não fazem com que um tipo de saudação seja melhor ou pior que o outro; são simplesmente costumes diferentes para uma mesma coisa, que fazem com que o que se considera “socialmente correto” seja também diferente segundo as diferentes culturas. Interpretar que um tibetano tripudia quando nos mostra a língua não é mais que uma interferência cultural, porque tal gesto se corresponde com uma saudação cordial. Um gesto tão inocente para nós como o que realizamos fazendo um círculo com os dedos indicador e polegar, cujo significado é o de satisfação (como o OK inglês), significa dinheiro para os japoneses, e para os venezuelanos é um insulto sexual.
     Os abraços, apertos de mão com os quais os homens de negócios e políticos firmam ou celebram acordos eram substituídos, no tempo do Antigo Testamento, por um aperto nos testículos, que representava e dava fé ao compromisso adquirido... E assim podíamos continuar e multiplicar os exemplos até chegarmos a escrever um tratado de comunicação intercultural. Mas por agora é suficiente. A sociedades distintas correspondem muitas vezes culturas distintas, valores distintos, costumes distintos; mas não é só isso: modos de agir distintos ou diferentes, mas nem melhores nem piores que outros.     
     (EQUIPE DE LINGÜISTAS DA UNIVERSIDADE DE SALAMANCA. ¡Ahora sí! Língua Espanhola, p. 25. Tradução de Maria Aparecida Agrícola)

Exercícios:

1.       Marque (V) ou (F) para as afirmativas abaixo:
a.       (    ) Quando falamos de “cultura”, falamos somente de arte, literatura, pintura...
b.       (    ) Em alguns países os homens se beijam nos   lábios para saudarem-se.
c.       (    ) No idioma de Gana não existe a palavra “beijo”.
d.       (    ) Os tibetanos colocam a língua para fora para como forma de despedida.
e.       (    ) No Antigo Testamento se firmavam acordos com um aperto de mãos.

2.      Existe algum gesto ou expressão que pudesse causar algum tipo de desconforto a alguém de outra nacionalidade ou de outra cidade do seu país? Caso você conheça algum (a) relate e justifique por que a situação é desagradável.
 3.      Qual o conceito de cultura apresentado no texto?

4.      O que o autor quer salientar ao afirmar: “A sociedades distintas correspondem muitas vezes culturas distintas, valores distintos, costumes distintos; mas não é só isso: modos de agir distintos ou diferentes, mas nem melhores nem piores uns que outros.”     


Colégio Estadual Presidente Costa e Silva                                                                              
SOCIOLOGIA – III UNIDADE – Série: 3ª – Professora: _______________________________
TEXTO PARA ESTUDO: Cidadão 100% norte-americano



     O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no oriente próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no oriente próximo. Ao levantar da cama faz uso de mocassins que foram inventados pelos índios das florestas do leste dos Estados Unidos e entra no banheiro, cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestuário inventado na Índia, e lava-se com sabão, que foi inventado pelos antigos gauleses; faz a barba, que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
     Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira de tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas: seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra no pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
     A caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China; a faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é o inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café, vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-os com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma um ovo de uma espécie de ave doméstica na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no norte da Europa.
     Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta original do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarros provenientes do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for um bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser 100% americano.
     (LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à Antropologia, p. 331-332.)

Pense e responda:

1.       Qual é o processo de enriquecimento cultural exemplificado no texto? Explique sua resposta.

2.       Quais os traços culturais mencionados no texto que também fazem parte da cultura brasileira?


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