quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TEXTO PARA ESTUDO: NOÇÕES GERAIS SOBRE CULTURA

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Colégio Estadual Presidente Costa e Silva – III UNIDADE
ALUNO: ________________________________________________ Série: 3ª – Turma: ____ 
DISCIPLINA: Sociologia                       Professora:____________________________________
TEXTO PARA ESTUDO: NOÇÕES GERAIS SOBRE CULTURA
     A cultura compreende os bens materiais, de um modo geral, como utensílios, ferramentas, moradias, meios de transporte, comunicação e outros. E também os bens não-materiais, como as representações simbólicas, os conhecimentos, as crenças e os sistemas de valores, isto é, o conjunto de normas que orienta a vida em sociedade.
     A produção cultural da espécie humana é um documento vivo da história da humanidade. Desde a pré-história até os nossos dias a espécie humana faz cultura, manifestando, através dela, o seu conhecimento e a sua visão de mundo. Por exemplo, a figura de um bisonte pintada na Gruta de Niaux (França), no período pré-histórico, é uma manifestação cultural, tanto quanto a famosa torre Eiffel ou os aviões Mirage.
     A cultura não é sempre a mesma. Apresenta formas e características diferentes no espaço e no tempo. Por exemplo, o namoro no Brasil atual é bastante diferente do namoro no Brasil do século XIX. E mesmo nos dias atuais o namoro é diferente quando se trata da zona rural ou da urbana.
     Toda cultura é suficiente para os fins a que se propõe, embora eventualmente com questões não resolvidas. Por exemplo, ficamos deslumbrados com os avanços da medicina, mas ao mesmo tempo nos damos conta de que temos muitas questões de saúde não solucionadas, como é o caso de câncer e da Aids, por exemplo. O mesmo se verifica na cultura indígena – suas práticas medicinais são suficientes para resolver certos problemas de saúde, deparando-se também com doenças que não consegue curar.
     Comparando esses dois universos distintos – a medicina indígena e a nossa -, podemos concluir que não há nada que nos autorize a considerar a superioridade de uma cultura sobre a outra.  
CULTURA ERUDITA E CULTURA POPULAR
     A separação entre cultura popular e erudita, com a atribuição de maior valor à segunda, está relacionada à divisão da sociedade em classes, ou seja, é resultado e manifestação das diferenças sociais. Há, de acordo com essa classificação, uma cultura identificada com os segmentos populares e outra, superior, identificada com as elites.
     A cultura erudita abrangeria expressões artísticas como a música clássica de padrão europeu, as artes plásticas – escultura e pintura -, o teatro e a literatura de cunho universal. Esses produtos culturais, como qualquer mercadoria, podem ser comprados e, em alguns casos, até deixados de herança como bens físicos.
     A chamada cultura popular encontra expressão nos mitos e contos, danças, música – de sertaneja a cabocla –, artesanato rústico de cerâmica ou de madeira e pintura; corresponde, enfim, à manifestação genuína de um povo. Mas não se restringe ao que é tradicionalmente produzido no meio rural. Inclui também expressões urbanas recentes, como os grafites, o hip-hop e os sincretismos musicais oriundos do interior ou das grandes cidades, o que demonstra haver constante criação e recriação no universo cultural de base popular. Nesse universo quem cria é o povo, nas condições possíveis. A palavra folclore (do inglês folklore, junção de folk, “povo”, e lore, “saber”) significa “discurso do povo”, “sabedoria do povo” ou “conhecimento do povo”.
     Para examinar criticamente essa diferenciação, voltemos ao termo cultura, agora segundo a análise do pensador brasileiro Alfredo Bosi. De acordo com Bosi, não há no grego uma palavra específica para cultura; há sim, uma palavra que se aproxima desse conceito, que é paideia, “aquilo que se ensina à criança”, “aquilo que deve ser trabalhado na criança até que ela se transforme em adulta”. A palavra cultura vem do latim e designa “o ato de cultivar a terra”, “de cuidar do que se planta”, ou seja, é o trabalho de preparar o solo, semear e fazer tudo para que uma planta cresça e dê frutos.
     Cultura está assim vinculada ao ato de trabalhar, a determinada ação, seja a de ensinar uma criança, seja a de cuidar de um plantio. Se pensarmos nesse sentido original, todos têm acesso à cultura, pois todos podem trabalhar. Para escrever um romance, é preciso trabalhar uma narrativa; para fazer uma toalha de renda, uma música, uma mesa de madeira ou uma peça de mármore, é necessário trabalhar. Para Bosi, isso é cultura. E é por essa razão que os produtos culturais gerados pelo trabalho chamam-se obras, que vem de opus, derivado do verbo operar, ou seja, é o processo de fazer, de criar algo.

     Se uma pessoa compra um livro, um disco, um quadro ou uma escultura, vai ao teatro ou a exposições, adquire, mas não produz cultura, ou seja, ela pode possuir ou ter acesso aos bens culturais gerados pelo trabalho, sem produzi-los. Esses bens servem para proporcionar deleite e prazer, e são usados por algumas pessoas para afirmar e mostrar que “possuem cultura”, quando são apenas consumidoras de uma mercadoria como qualquer outra. Não ter acesso a esses bens não significa, portanto, não ter cultura.
     A cultura erudita ou “superior”, também designada cultura de elite, foi se distanciando da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia.
     A cultura popular, por sua vez, mais próxima de senso comum e mais identificada como ele, é produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e significativas.
CULTURA DE MASSA: a industrialização da cultura
    A partir do final do século XIX, a industrialização em larga escala atingiu também os elementos da cultura erudita e da popular, dando início à indústria cultural.
     O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, principalmente nos meios de comunicação (fotografia, fonografia, cinema, rádio, televisão, etc.), passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à chamada cultura de massa.
     Ao contrário das culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social específico, pois é transmitida de maneira industrializada para um público generalizado, de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui, na verdade, a chamada sociedade de consumo.
     Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural se apresenta de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase originam uma nova obra.
     Para concluir, podemos dizer que a indústria cultural, utilizando-se dos meios de comunicação, primeiramente lança o produto em grande quantidade (milhares ou milhões de discos, por exemplo) e, depois, induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para outras razões elem do seu valor artístico.
     A cultura de massa, ao divulgar produtos culturais de diferentes origens (erudita e popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo generalizado da sociedade.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. 50 ed. São Paulo: Editora Ática, 2001. cap. 7.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. cap. 18.

EXERCÍCIO: Formular quatro afirmativas do tipo Verdadeiro / Falso. 

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